GÊNESIS


PRAGA DE MÃE E OUTROS BICHOS

Inicio o blog com o primeiro texto meu publicado em livro - no caso, O Conto Brasileiro Hoje, Volume VIII, uma coletânea que vai de autores pouco conhecidos como eu até nomes maiúsculos como o jornalista Rodolfo Konder.

Sobre mim, começo por repetir basicamente o que está registrado no rodapé do meu 'miniconto' - se é que existe o gênero - Praga de Mãe.
Tenho 52 anos, sou capira do interior paulista, e fui picado pelo vírus do jornalismo aos 15, quando virei correspondente regional do Diário de Sorocaba. Em 1976, vim de Boituva para São Paulo, para cursar a Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero.


Na capital, trabalhei em vários jornais, entre eles o hoje cult Notícias Populares, de onde foi extraído o texto abaixo, publicado na coluna Histórias da Boca, feita em revezamento com outros repórteres de polícia do 'sanguinário' jornal.

Há anos venho ensaindo publicar o livro Praga de Mãe, que reuniria outras 'histórias da boca' escritas por mim e relatos sobre minha experiência no Notícias Populares comandado por Ebrahim Ramadan - um verdadeiro mestre na área de se fazer um jornal popular. O NP, sempre digo, foi minha verdadeira universidade. De 84 a 89, passei ali belos momentos.

Não saiu o livro. Sai o blog, para o qual espero contar com a colaboração, entre outros, dos 'enepistas' juramentados que trabalharam comigo no jornal.
Fique agora com Praga de Mãe. Inté.

PRAGA DE MÃE

Todo dia ao acordar, travo uma batalha comigo mesmo: acender, ou não, o primeiro cigarro? A guerra, porém, dura uns dois minutos, e quem perde sempre é a minha caixa de catarro, que mal recomposta da madrugada boêmia, tem de suportar mais uma terrível dose da letal fumaça.

E é na cama, em meio à fumaça do primeiro cigarro, que vejo o rosto e o corpo nu de Arlete. Nova batalha se trava dentro de mim. Esquecê-la, ou continuar grudado nesta mulherzinha de cabaré, prostitutazinha reles que faz sexo explícito em filmes pornôs?

O primeiro acesso de tosse do dia me leva à latrina fedorenta do apartamento mofado. Tusso até quase vomitar. E com o escarro tenho vontade de pôr Arlete pra fora de mim. Mas ela é praga de mãe, não sai assim facilmente.

Quando a tosse pára, arrasto-me até a cozinha do moquifo atrás do meu café da manhã. Ponho meio copo de cachaça vagabunda e mando pra baixo. Aquilo, com o estômago vazio, desce que desce rasgando, como se fosse o fio de uma navalha.

Só então tomo um banho gelado, pra ver se essa eterna ressaca abandona um pouco o meu corpo. Mas não adianta. Já estou mesmo um bagaço.

No quarto, enquanto me troco, volta a idéia de esquecer Arlete, de fazer de conta que ela morreu, ou que está com Aids. Tudo besteira. No fim, eu acabo é dando um beijo no cartaz da última fita que ela fez com o pessoal da Boca. Espremo contra a parede o durex de um dos cantos que teima em desgrudar e saio, para pegar a bóia no boteco imundo do Espanhol.

Oito e meia, assumo meu posto atrás do balcão do inferninho e fico vendo Arlete rebolar as ancas pros outros machos. E torço pra que ninguém se interesse por ela até de madrugada. Assim, quem sabe, eu possa dormir com ela num hoteleco qualquer.

(Histórias da Boca / Notícias Populares / Sampa, 13-10-1985)

_________________________________________________

'PELEZÃO' FOI O MEU 'BEBÊ-DIABO'


Embora o livro Nada mais que a verdade - A extraordinária história do jornal Notícias Populares, assinado por Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani e Malk Rene Lima, não faça a menor refência ao meu nome, fui eu o responsável por 99% das matérias sobre o Pelezão, o indigente que virou 'ídolo das madames' após ter sido 'violentado' pela 'psicóloga tarada de Perdizes', na madrugada de 28 de agosto de 1984. O caso Pelezão rendeu tantas manchetes quantas teve o Bebê-Diabo, que, na metade da década de 1970, mexeu com os nervos e a imaginação dos leitores, serguindo o rastro do filme O Exorcista.

Eu era repórter de polícia no NP e assinava também duas seções numa revista de sacanagem chamada Big Man Internacional. De uma delas - Caso de Polícia - extraio o texto reproduzido abaixo, que faz um apanhado de toda a história do Pelezão.

Divirta-se:

(Para facilitar a leitura dê um clique sobre a imagem)











































22 comentários:

plocao disse...

velho, e tu ainda tem coragem de falar que escreveu isso?
eu fazia de conta que não é comigo... perdi 15 minutos da minha vida lendo essa porra..
pelezão pqp esse é material jornalistico de quinta!!

Maio Editorial disse...

Meu caro Plocão. Aceitei seu comentário porque sou democrático. Mas gostaria que você se identificasse, por favor. Aliás, com esse apelido...

Anônimo disse...

Gostei, foi legal relembrar do NP, sempre lia, falavam que se apertasse saia sangue.

Anônimo disse...

Fantástico. Não concordo com o comentário acima. O texto está bom, é divertido, usa linguagem direta, mas envolvente. que inveja do Pelezão!!!

Edson

Anônimo disse...

NO final ainda dá o endereço para contato do Pelezão. kkkkkk Bizarro demais.

leandro disse...

Prezado Antonio, eu tive a oportunidade de pegar esta edição em mãos (e muitas outras! eu era fã de carteirinha do NP, ia pro trabalho lendo o NP no trem, pena que não podia fazer assinatura... hahaha). Não sou da época da reportagem, mas um tio que era, tinha a edição guardada (e muitas outras, ele guardava muitas edições). A história do pelezão é imortal! hahaha Parabéns pelo trabalho realizado na época! Eu vou morrer levando essa divertida história comigo! E ao contrário doq esse zé ruela desse "plocao" disse, eu sentiria muito orgulho de dizer "Fui eu que fiz", afinal, vc imortalizou uma história que conto até hoje pras pessoas!!! Parabéns novamente! Abraços

Alessandra disse...

Sensacional... Isso é jornalismo sim, jornalismo da vida que acontece todo dia debaixo do nosso nariz!

jair pimenta disse...

Desgraçados. Eu tinha 11 anos e vcs quase me mataram de medo com a historia do bebê diabo. Conseguiria a materia na íntegra e postar prá gente. Parabéns pelo blog. Abraços. Jair

Anônimo disse...

Esse jornal era um lixo.

Sou jornalista e até hoje não entendo como alguém que se diz jornalista podia trabalhar em um jornal como esse. O jornalista deve trazer a verdade e não ficar inventando historinhas.

Você deveria fechar esse blog e se envergonhar de ter trabalhado nesse lixo

Maio Editorial disse...

Caro (a), 'jornalista",
Publico o seu rançoso comentário em respeito à democracia. Poderíamos trocar muitas ideias sobre o assunto se você se identificasse. Errado ou certo, eu pelo menos me identifico. Não sou covarde. Não me escondo atrás do anonimato. E quer saber: vá se tratar. Nunca vi alguém tão magoado, tão melindrado com um blog. Engraçado que é ruim e coisa e tal, mas você acessa... E saiba mais: NÃO É O SEU COMENTÁRIO BABACA QUE VAI ME CONVENCER A ACABAR COM O BLOG.
Antonio Marcos Soldera, editor

Anônimo disse...

Fausto Silva! Oh loco, meu!
Viva o NP! Viva a Rádio Excelsior! Balancê!!! :-)

Unknown disse...

Eu me lembro dessa matéria na época, causou uma imensa polêmica e transformou Pelezão numa celebridade.
Parabéns pelo resgate dessa história pitoresca.

Anônimo disse...

essa mulher reza a lenda que antes foi torturada pelo proprio dops e que ficou xarope devido a torturas e sevicias dai ela teve esse ato estremo de uma pessoa extremamente desequilibrada

Unknown disse...

Cara que legal esse blogg...na adolecencia eu comprava o jorna, e me divertia muito com ele.Da uma puta saudades do jornal. Descubri o blogg e serei seguidor com certeza.Abracos e obrigado por ter nos dado tantas alegrias...saudaes daqueles tempos.

Unknown disse...

Sensacional essa reportagem,lembro dela,mas nunca tinha lido na integra !

Unknown disse...

Sensacional matéria

Unknown disse...

Sensacional matéria

Unknown disse...

Sensacional matéria

VALDENOR SANTIAGO disse...

A história parece que foi reprisada com a nova notícia da "bonitona" com o mendigo em Brasília essa semana!

Palhares disse...

Realmente o NP era odiado por poucos e amado por muitos. Era uma "mortadela" todo mundo diz ser coisa de pobre, mas, adora saborear. Lembro há quarenta anos, eu com 15 trabalhando de office-boy em SP Capital, ao lado das bancas de jornais ficavam expostos os jornais do dia, o NP era onde se aglomeravam o maior número de pessoas. Parabéns e obrigado pelo seu trabalho Soldera... Fraternal Abraço! Marcos Roberto Palhares

Palhares disse...

E como complemento, aos que criticam o NP e nem àquela época viveram, a equipe era top, salvo engano, até a Sônia Abraão trabalhava lá! Aos novos que criticam...Continuem comendo Nutella!!

Rose Oliveira disse...

A história se repete com Givaldo Alves " o mendigo de Planaltina" ahhahahahah