Reportagem da “Folha de S.Paulo” deste sábado, 19/1, mostra
a história de superação de Eliana Zagui, hoje com 44 anos, que, por conta de
uma poliomielite perdeu os movimentos do corpo, só podendo mexer com a boca e o
pescoço.
Ela foi encaminhada ao HC (Hospital das Clínicas de São
Paulo) para fazer um tratamento quando tinha um ano e nove meses e, a partir daí,
passou a morar lá, pois depende de aparelhos e uma série de cuidados especiais
para sobreviver.
Em 22 de dezembro do ano passado, segundo a reportagem, Eliana
saiu para passar um período de férias em Sumaré, no interior paulista, com
retorno previsto e documentado pelo HC para o dia 15 de janeiro. No entanto,
decidiu não voltar e deixou a unidade hospitalar após cerca de 43 anos, para
viver com amigos e familiares afetivos.
"Meu sonho sempre foi morar em uma casa. Consegui
realizá-lo e já tenho vários planos. Pretendo montar um ateliê de pintura e
desenvolver um projeto com deficientes físicos. Também quero andar de avião
pela primeira vez, conhecer a região Sul do Brasil e viajar para Portugal. Por
último, desejo voltar a estudar, fazer faculdade de psicologia", contou
Eliana à Folha de São Paulo.
Em julho de 2010, este blog trazia post onde um dos
destaques era exatamente Eliana, então com 35 anos, de vida. “Um sonho sem
limites” era o título do post, onde, com texto deste escriba e fotos de Rodrigo
Miquelazzo, trazíamos histórias semelhantes, reunindo vários artistas da
Associação dos Pintores com a Boca e com os Pés.
FALOU AO NP EM 2010 A reportagem deste blog traz também a opinião categorizada de
Daniel Martins de Barros, médico formado pela Universidade de São Paulo, com
especialização pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas,
que nos relatava que tais casos são exemplos de um processo de recuperação, de
busca pela superação, onde o cérebro tem papel fundamental. Ou de mais simples:
força de vontade e cérebro podem se unir para driblar os obstáculos e restaurar
perdas.
Eliana mostra que o único limite para os sonhos e a vida é
a morte. Veja o que ela dizia em 2010 a este blog, ressaltando seu sonho, agora
realizado, de viver num cantinho seu, fora do hospital:
“Aprender a fazer com a boca o que as pessoas fazem com as
mãos, quando eu era ainda uma criança, foi de certa forma revoltante. Mas fui
aperfeiçoando. A técnica da pintura veio muito depois. E veio por intermédio de
uma voluntária, que eu chamo de meu anjo da guarda: a professora de pintura
Úrsula. Há 13 anos estamos juntas. O que mais gosto de pintar são paisagens”,
conta Eliana, que, apesar de ser grata por tudo o que viveu e vive no HC,
acalenta na alma um sonho: ter um cantinho para morar, fora do hospital.
Confira a íntegra do post e reflita sobre suas frustrações na vida. As pessoas ali ouvidas são ao prova de que nada pode brecar
nossos sonhos quando lutamos por eles.
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